segunda-feira, 27 de novembro de 2017

KAMBINA - UMA ETIMOLOGIA POSSÍVEL.

Por Erick Wolff de Oxalá
26/11/2017

Uma possibilidade etimológica para Kambina, por minha conta e risco:

Kam = káà = àgbàlá = significando “lugar de”.
Bina = Bínín = Benin
(R.C. Abraham, Dictionary of Modern Yoruba, 1962)

Resultando possivelmente em: káà + bíní

Assim, possivelmente a Cambina seria uma corruptela referindo-se aos iorubas cultuadores de Orixás radicados no Benin (Dahomey), do outro lado da fronteira criada pelos europeus, onde a religião continua sendo iorubá, com características próprias, adaptada à situação social local, lembrando que Oyo, em seu apogeu, dominou o Dahomey  (Benin) por muitas décadas.

Outra possibilidade que não podemos desconsiderar é o grupo étnico Benin-Edo, na Nigéria, que cultuam algumas divindades como Exú, Ogum, Olokum, conforme encontramos no Batuque.


Observem as guias das cores onde informam os domínios dos Iorubá.
   


Sobre o termo "Kaa", apresento esta imagem tomada do livro 
"Yoruba Palaces, de G.J.A. Ojo, 1966".

Vemos uma tomada do palácio do Alaafin, onde cada local específico é chamado de "kaa".



Uma curiosidade é o iten 26, que mostra o kaa aganju, largo quintal local destinado ao povo, quando da aparição do Alaafin em público, talvez esta seja a origem de "Xango do Povo".









Ainda o antropólogo Norton Correa, no livro " O Batuque do Rio Grande do Sul", registrou a palavra Cambini ou Cambina, pois assim os iniciados deste segmento se referiam à sua tradição.


Na década de 80 tive o primeiro contato com a palavra Cambina ou Cambini, na época eu pertencia à família do baba Cleon de Oxalá, situado na Rua Mariano de Matos, Bairro Santa Tereza, Porto Alegre. 

Em 1985, dona Maria do Jobokum, filha de Oxala, 90 anos de idade aproximada, pronunciava Cambina ou Cambini (residia na casa de religião, o Reino de Oxalá, filha do Baba Cleon de Oxalá, situado na Rua Mariano de Matos, Bairro Santa Tereza, Porto Alegre).

Geni do Lode, filha do Cleon de Oxalá, também pronunciava Cambina ou Cambini. (informação coletada em setembro de 1999, no Reino de Oxalá, filha do Baba Cleon de Oxalá, supra citado).

Baba Luiz Carlos Dutra, Luiz de Oxum, falecido em 1995, na década de 80 também pronunciava Cambina. Era filho do Cleon de Oxalá (acima citado), 32 anos de feitura. Luiz foi diretor do Reino de Oxum, na época situado na rua Arnaldo Magnicaro, bairro Campo Grande, São Paulo.
Antigo endereço do Templo Reino de Oxum, 
Rua Arnaldo Magnicaro, Campo Grande, São Paulo.

Notem que a palavra Cambini ou Cambina era a forma pronunciada entre os iniciados desta tradição.

Em 1983, o autor Paulo Tadeu Barbosa Ferreira lançou o livro "Fundamentos Religiosos da Nação dos Orixás", que trouxe um grande prejuízo à raiz Cambina (Cambini), pois, sem nenhum embasamento ou estudo, apenas por similaridade, ligou a palavra Cambina, como era usual falar, para encaixar à Cabinda, província de Angola, criando toda a confusão entre os nomes, na tentativa de implantar a ideia completamente equivocada que a Cambina, um culto nagô para os Orixas, que ele passou a chamar de Cabinda, seria uma raiz bantu, o que não procede, cujo equívoco é facilmente percebido aos primeiros estudos sobre conceito de nação.

Assim, é imperioso que os mais novos estudem o conceito de nação afro-brasileira, para que não se deixem enganar por este livro.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

ADO-AWAYE

Portugues / English


PORTUGUES

ADO-AWAYE
A colina dos 16 santuários / Ifa & Alaafin / Iyake o lago suspenso


“A colina em ADO foi descoberta em torno de 1500 DC por um Príncipe de Oyo chamado Obakoyi.


Ado-Awaye é uma das cidades antigas da província de Ekun Otun, no antigo Império Oyo.

A colina de Ado é única devido ao lago suspenso que é o único na África. Este lago pendurado é conhecido como 'Iyake' e há 16 santuários naturais na colina em Ado sendo cultuada por várias pessoas.


Os 16 santuários naturais são conhecidos como ISAGE, IYALARO, IYAKE, ESEKAIKU, IYA MARE, IGBORO, OBANYIRA, ODUA, IGBO IFA, IGBODU, OBALUFON, ISHATA, ABAA, IHOLADEBO, IGBO SANGO, IHO EGBE.

No século 16, o rei Alado de Ado-Awaye chamado Oba Obakoyi introduziu Ifa ao Alaafin Ofiran, filho do falecido Alaafin Onigbogi.


Alaafin Onigbogi era um dos filhos do Oba Oluaso e de uma mulher de Otta, que aconselhou seu filho a reconhecer oficialmente a nova arte de adivinhação chamada Ifa no Império Oyo, mas ele rejeitou porque não queriam adorar nozes de palmeira.

Os seguidores de Ifa desiludidos voltaram para Otta, atravessando Ado e relataram toda a história sobre a decisão de Oyo para Alado, que aceitou ser iniciado em Ifa, e que mais tarde introduziu ao novo Alaafin Ofiran que reconheceu oficialmente esta nova arte de adivinhação no Império Oyo.

Esta nova arte de adivinhação foi introduzida durante a invasão muçulmana por um homem chamado Setilu conhecido como Agbo-niregun, nativo de Nupe, que era cego. Setilu saiu de sua cidade e atravessou o rio Níger e foi a Benin para um lugar chamado Owo, migrando de cidade para cidade, iniciando vários de seus seguidores nos novos mistérios e arte de adivinhação até que esta foi oficialmente aceite e reconhecida pelo Alaafin entre os Orisas na terra.”



Pelo novo Alado de Ado-Awaye, Alayeluwa Oba Ademola Olugbile Folakanmi, coroado em 21 de julho de 2017 pelo The Alaafin of Oyo.

ADO-AWAYE 

The 16 shrines Hill / Ifa & Alaafin / Iyake the suspended Lake

“ADO hill was founded around 1500 AD by an Oyo Prince named Obakoyi. Ado-Awaye is one of the ancient towns in Ekun Otun Province of the old Oyo Empire.

The Ado Hill is unique for having the only suspended lake in Africa. This hanging lake is known as ‘Iyake’ and there are 16 natural shrines at Ado Hill being worship by various people. 

The 16 shrines are called ISAGE, IYALARO, IYAKE, ESEKAIKU, IYA MARE, IGBORO, OBANYIRA, ODUA, IGBO IFA, IGBODU, OBALUFON, ISHATA, ABAA, IHOLADEBO, IGBO SANGO, IHO EGBE.

In the 16 century, The king Alado of Ado-Awaye called Oba Obakoyi introduced Ifa to the Alaafin Ofiran, son of the late Alaafin Onigbogi.

Alaafin Onigbogi was a son of the late Oluaso and of a woman from Otta, who advised his son to introduce officially the new divination art called Ifa into the Oyo Empire, but it was rejected because they didn’t want to worship palm nuts. The followers of Ifa disappointed and on their way back to Otta, they crossed through Ado and reported the all story about Oyo decision to Alado, who accepted to be initiated into Ifa and later introduced it to the new Alaafin Ofiran who officially recognized this new divination art in the Oyo Empire. 

This new divination art was introduced during the Mohammedan invasion by a man called Setilu known as Agbo-niregun, native of Nupe, who was blind. Setilu left his town and crossed the river Niger and went to Benin to a place called Owo, migrating from town to town, initiating several of his followers in the new mysteries and art of divination until it became officially accepted and recognized by the Alaafin among the Orisas in the land. “

By the new Alado of Ado-Awaye Alayeluwa Oba Ademola Olugbile Folakanmi, crowned on the21st July 2017 by The Alaafin of Oyo.




Fonte - Àsà Òrìsà Aláàfin Òyó (https://www.facebook.com/asaorisa/posts/1842690172688789)



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

RESPOSTA AO SR. JULIO CEZAR FERRO

Com todo o respeito ao qual lhe falta para com a Kambina, falo não somente por ela, mas pela minha família, e pelo meu Olupilese, como um sacerdote desta tradição, e um descendente religioso do Baba Waldemar de Xangô.

Não receba esta mensagem como um ataque, mas apenas como um convite a vossa reflexão, no sentido que pare de achincalhar a kambina, demonstrando toda sua intolerância religiosa, e sua personalidade arrogante.

Sr. Júlio, este seu comportamento não constrói nada.

Respeitamos as opiniões das pessoas, mas não podemos nos calar diante de calúnias e fortes acusações infundadas, depreciando a nossa tradição e nossos ancestrais.

Parece que lhe falta, Sr. Júlio, conceito de nação. Neste  sentido sugiro-lhe a leitura deste texto: Nações religiosas afro-brasileiras não são Nações Políticas Africanas.

Nenhuma nação religiosa afro-brasileira, de qualquer Estado, de qualquer segmento, nem a minha, nem a sua, é de fato, ou representa verdadeiramente, alguma nação política africana.

O ketu do candomblé é o ketu do candomblé, não da África. O oyo do batuque, é oyo do batuque, não da África.

Os nomes similares às nações africanas apenas registram as diversidades afro-brasileiras de cada segmento, que aqui foram formadas, com várias influências étnicas.

O conceito de príncipes e princesas iorubas são diferentes do nosso. Nenhuma religião afro-brasileira foi formada por membros de famílias reais africanas, ainda que carreguem estes títulos.

Lamento que o senhor venha recebendo criticas e ataques, por que ninguém merece isso, mas talvez sejam reflexo da sua perseguição e discriminação contra a Kambina.

Peço que repense seus atos e mude a sua forma de agir, por que na sua idade, a sabedoria deveria prevalecer, evitando comportamentos levianos e inverdades, que jamais lhe trarão frutos, apenas desgostos.



Baba Erick Wolff de Oxalá

TIKTOK ERICK WOLFF