quinta-feira, 23 de novembro de 2017

ADO-AWAYE

Portugues / English


PORTUGUES

ADO-AWAYE
A colina dos 16 santuários / Ifa & Alaafin / Iyake o lago suspenso


“A colina em ADO foi descoberta em torno de 1500 DC por um Príncipe de Oyo chamado Obakoyi.


Ado-Awaye é uma das cidades antigas da província de Ekun Otun, no antigo Império Oyo.

A colina de Ado é única devido ao lago suspenso que é o único na África. Este lago pendurado é conhecido como 'Iyake' e há 16 santuários naturais na colina em Ado sendo cultuada por várias pessoas.


Os 16 santuários naturais são conhecidos como ISAGE, IYALARO, IYAKE, ESEKAIKU, IYA MARE, IGBORO, OBANYIRA, ODUA, IGBO IFA, IGBODU, OBALUFON, ISHATA, ABAA, IHOLADEBO, IGBO SANGO, IHO EGBE.

No século 16, o rei Alado de Ado-Awaye chamado Oba Obakoyi introduziu Ifa ao Alaafin Ofiran, filho do falecido Alaafin Onigbogi.


Alaafin Onigbogi era um dos filhos do Oba Oluaso e de uma mulher de Otta, que aconselhou seu filho a reconhecer oficialmente a nova arte de adivinhação chamada Ifa no Império Oyo, mas ele rejeitou porque não queriam adorar nozes de palmeira.

Os seguidores de Ifa desiludidos voltaram para Otta, atravessando Ado e relataram toda a história sobre a decisão de Oyo para Alado, que aceitou ser iniciado em Ifa, e que mais tarde introduziu ao novo Alaafin Ofiran que reconheceu oficialmente esta nova arte de adivinhação no Império Oyo.

Esta nova arte de adivinhação foi introduzida durante a invasão muçulmana por um homem chamado Setilu conhecido como Agbo-niregun, nativo de Nupe, que era cego. Setilu saiu de sua cidade e atravessou o rio Níger e foi a Benin para um lugar chamado Owo, migrando de cidade para cidade, iniciando vários de seus seguidores nos novos mistérios e arte de adivinhação até que esta foi oficialmente aceite e reconhecida pelo Alaafin entre os Orisas na terra.”



Pelo novo Alado de Ado-Awaye, Alayeluwa Oba Ademola Olugbile Folakanmi, coroado em 21 de julho de 2017 pelo The Alaafin of Oyo.

ADO-AWAYE 

The 16 shrines Hill / Ifa & Alaafin / Iyake the suspended Lake

“ADO hill was founded around 1500 AD by an Oyo Prince named Obakoyi. Ado-Awaye is one of the ancient towns in Ekun Otun Province of the old Oyo Empire.

The Ado Hill is unique for having the only suspended lake in Africa. This hanging lake is known as ‘Iyake’ and there are 16 natural shrines at Ado Hill being worship by various people. 

The 16 shrines are called ISAGE, IYALARO, IYAKE, ESEKAIKU, IYA MARE, IGBORO, OBANYIRA, ODUA, IGBO IFA, IGBODU, OBALUFON, ISHATA, ABAA, IHOLADEBO, IGBO SANGO, IHO EGBE.

In the 16 century, The king Alado of Ado-Awaye called Oba Obakoyi introduced Ifa to the Alaafin Ofiran, son of the late Alaafin Onigbogi.

Alaafin Onigbogi was a son of the late Oluaso and of a woman from Otta, who advised his son to introduce officially the new divination art called Ifa into the Oyo Empire, but it was rejected because they didn’t want to worship palm nuts. The followers of Ifa disappointed and on their way back to Otta, they crossed through Ado and reported the all story about Oyo decision to Alado, who accepted to be initiated into Ifa and later introduced it to the new Alaafin Ofiran who officially recognized this new divination art in the Oyo Empire. 

This new divination art was introduced during the Mohammedan invasion by a man called Setilu known as Agbo-niregun, native of Nupe, who was blind. Setilu left his town and crossed the river Niger and went to Benin to a place called Owo, migrating from town to town, initiating several of his followers in the new mysteries and art of divination until it became officially accepted and recognized by the Alaafin among the Orisas in the land. “

By the new Alado of Ado-Awaye Alayeluwa Oba Ademola Olugbile Folakanmi, crowned on the21st July 2017 by The Alaafin of Oyo.




Fonte - Àsà Òrìsà Aláàfin Òyó (https://www.facebook.com/asaorisa/posts/1842690172688789)



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

RESPOSTA AO SR. JULIO CEZAR FERRO

Com todo o respeito ao qual lhe falta para com a Kambina, falo não somente por ela, mas pela minha família, e pelo meu Olupilese, como um sacerdote desta tradição, e um descendente religioso do Baba Waldemar de Xangô.

Não receba esta mensagem como um ataque, mas apenas como um convite a vossa reflexão, no sentido que pare de achincalhar a kambina, demonstrando toda sua intolerância religiosa, e sua personalidade arrogante.

Sr. Júlio, este seu comportamento não constrói nada.

Respeitamos as opiniões das pessoas, mas não podemos nos calar diante de calúnias e fortes acusações infundadas, depreciando a nossa tradição e nossos ancestrais.

Parece que lhe falta, Sr. Júlio, conceito de nação. Neste  sentido sugiro-lhe a leitura deste texto: Nações religiosas afro-brasileiras não são Nações Políticas Africanas.

Nenhuma nação religiosa afro-brasileira, de qualquer Estado, de qualquer segmento, nem a minha, nem a sua, é de fato, ou representa verdadeiramente, alguma nação política africana.

O ketu do candomblé é o ketu do candomblé, não da África. O oyo do batuque, é oyo do batuque, não da África.

Os nomes similares às nações africanas apenas registram as diversidades afro-brasileiras de cada segmento, que aqui foram formadas, com várias influências étnicas.

O conceito de príncipes e princesas iorubas são diferentes do nosso. Nenhuma religião afro-brasileira foi formada por membros de famílias reais africanas, ainda que carreguem estes títulos.

Lamento que o senhor venha recebendo criticas e ataques, por que ninguém merece isso, mas talvez sejam reflexo da sua perseguição e discriminação contra a Kambina.

Peço que repense seus atos e mude a sua forma de agir, por que na sua idade, a sabedoria deveria prevalecer, evitando comportamentos levianos e inverdades, que jamais lhe trarão frutos, apenas desgostos.



Baba Erick Wolff de Oxalá

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

MITOS AFRO-BRASILEIROS SOBRE ORIXÁ LGBT


Luiz L. Marins
Novembro de 2017

Tem ganhado destaque nas mídias sociais afro-religiosas alguns mitos sobre possíveis relações homossexuais, especialmente os mitos de Oxum e Iansã, Oxossi e Logunede. Entretanto, estes mitos não possuem nenhum crédito, ainda que sejam encontrados em livros de autores famosos.

Mostraremos aqui porque estes mitos devem ser desconsiderados, não por causa do suposta homossexualidade entre as divindades, mas por falta de seriedade da pesquisa dos autores que os publicaram pela primeira vez.


O SUPOSTO MITO LÉSBICO DE OXUM E IANSÃ

Este mito ganhou destaque através do livro “Mitologia dos Orixás”, 2001, Cia. Das Letras, do professor Reginaldo Prandi, tendo como título “Oxum seduz Iansã”, publicado na pg. 325.

Prandi informa como fonte, o livro "Santos e Daimones", de Rita Laura Segato, p. 403, publicado pela Universidade de Brasília, 1995.

Rita Segato informa ter trabalhado na cidade de Recife, no bairro da Linha do Tiro, na região de Beberibe, numa casa de santo, sem citar o nome, na qual morou por seis meses, e depois, mais seis meses nos arredores de Água Fria, Encruzilhada e Beberibe.

Rita Segato não declara o(s) informante(s), nem a casa pesquisada, limitando-se a dizer que se trata de pesquisa de campo. A própria autora, na página 20, declara na introdução que omitiu os informantes.

Usando a possibilidade da tecnologia moderna, e para maior credibilidade, ao invés de transcrever o texto de autora, vamos inserir as imagens do livro, já que é possível. O texto em questão está na terceira imagem, no segundo mito da página:


Esta é a página de rosto. 
O texto “Xangô de Recife” foi por nós inserido para melhor clareza.




A autora Rita Segato informa que decidiu omitir os nomes dos informantes, como se isso não tivesse nenhuma importância, e apenas a palavra dela seria suficiente para dar credibilidade a um tema tão polêmico.


O décimo nono episódio relata o suposto mito lésbico entre Oxum e Inhansã.
 




Como vimos, nenhuma fonte é informada, de forma que o povo de santo afro-brasileiro deve refutar este mito como falso, não pela relação homossexual, mas pela falta de credibilidade no trabalho de recolha do mito, pela falta da citação de informantes, por não informar, ao menos, a casa pesquisada.




LOGUNEDÉ É POSSUÍDO POR OXÓSSI

Este mito que mostra uma suposta relação homossexual entre Oxossi e Logunede, ganhou notoriedade nas mídias sociais também através do livro “Mitologia dos Orixás”.

Prandi informa como fonte uma “pesquisa de campo” de Luis Fernando Rios, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Curiosamente, o autor citado não consta na bibliografia do livro de Prandi, de forma que precisamos procurar na internet pelos textos do autor, o que conseguimos, após algumas horas de busca.

O mito em questão trata-se de uma pesquisa de campo realizada também em Recife publicado no artigo “Loce Loce Metá Rê-Lê”, Polis e Psique, vol. 1, n. 3, 2011, pg. 212, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Importante frisar que mito não é do batuque Rio Grande do Sul, mas sim, do Xangô de Recife. Ele apenas foi publicado em uma revista acadêmica gaúcha.

Novamente vamos recorrer ao recurso da tecnologia e publicar as imagens, que darão mais credibilidade. Preste atenção na segunda linha da segunda imagem, que há uma nota 2, que também publicamos aqui:


 Inicial do artigo Loce Loce... publicado na revista Polis e Psique




Prezado leitor, observe nesta imagem a nota 2, na segunda linha, pois ela é crucial para o fechamento do assunto que faremos mais a seguir:
 

Prezado leitor, observe nesta imagem a nota 2, na segunda linha, pois ela é crucial para o fechamento do assunto que faremos mais a seguir:





Nesta passagem o texto mostra Logunede como travesti.




A NOTA 2


O mito em si, não importa. O que realmente interessa é esta nota 2. Nela, Rios declara que recontou os mitos “de forma livre, sem mencionar os informantes, quem contou o que”.

Como vemos, este mito sobre uma suposta relação homossexual entre Oxossi e Logunedé não tem nenhuma base científica, não há informantes, nenhuma casa é citada como base para a coleta do mito. O argumento de tratar-se memória coletiva não é embasamento para tal procedimento. Em algum local este mito foi ouvido, e este local deveria ser citado, para que o trabalho pudesse ter o mínimo de legitimidade.

Rios informa que os detalhes da pesquisa estariam na dissertação de mestrado, que tem o mesmo nome do artigo, mas não conseguimos localizar até o momento.

Portanto, este mito também deve ser refutado pelo povo de santo afro-brasileiro, também, repetimos, não pela suposta relação homossexual, mas pela falta de credibilidade do trabalho de pesquisas.




CONSIDERAÇÃO FINAIS




Diante do exposto entendemos que estes mitos devem ser desconsiderados por não apresentarem por parte dos autores um informante ou local confiável para credibilizar a pesquisa de um tema polêmico como esse.  Um artigo acadêmico que informa apenas ser uma “pesquisa de campo em tal cidade”, é, no mínimo, uma afronta à inteligência.

Neste momento lembramos a fala do professor Roberto Motta, antropólogo, professor doutor da Universidade Federal de Pernambuco, que escreve na apresentação do livro de Anilson Lins, Xangô de Pernambuco, Editora Pallas, a seguinte crítica aos próprios acadêmicos, embora seja um. Vejamos:


 […] O primeiro destes méritos é a fidelidade ao vivido. Ao vivido, quero dizer, àquilo que as pessoas fazem, à sua realidade material e cotidiana, em contraposição ao que vem infelizmente sendo tão comum na produção antropológica, isto é, a atitude diametralmente oposta que consiste em confinar-se o antropólogo a uma espécie de gueto, em que os pesquisadores – se ainda pesquisadores – tratam seus próprios modelos ou daquilo que querem impor à realidade.

Deixam de ser cientistas e abandonam-se a elucubrações, não a respeito do que as coisas são, mas sobre como deveriam ser para corresponderem às utopias de que se fazem muitas vezes representantes. Utopias que envolvem uma tentativa de domínio, uma reivindicação de poder. (O grifo é nosso)

Em nome do relativismo cultural e da igualdade entre os povos, antropólogos, sociólogos e assemelhados, estão é ferozmente tratando de impor à realidade o único modelo de história que consideram válido, com origens no ideário do período que tenho chamado período intramural […]. [1]
 





[1] “Intramural” refere ao que acontece internamente, termo geralmente empregado na área médica para designar tumores internos. 

TIKTOK ERICK WOLFF