quarta-feira, 9 de maio de 2012

Quem é Exu?

Exú por  Alessandro Coi
Primeira parte


Pra mim um ancestral que representa a essência mutável e contemporânea brasileira, uma perpetuação dos cultos aos ancestrais, que é característica comum aos povos que formaram nosso país etnicamente. Os grupos étnicos que formaram as religiões afro-ameríndias-brasileiras, eram focos de resistência, cultural, social e religiosa principalmente. Neles os ancestrais dos povos que foram oprimidos eram cultuados, cada um na sua ancestralidade, o negro com seus pretos velhos, baba-eguns, e até nas suas divindades, a ancestralidade nativa do índio no caboclo, sobrando ainda o branco, colonizador e opressor dos citados. Mas ele na sua origem européia e cristã não tinha esse culto, sua ancestralidade no máximo se resumia aos santos, que foram objeto de sincretismo e acabaram contribuindo, mesmo prejudicando mais talvez com o nascimento das religiões no Brasil, aquelas que nasceram aqui, pela diáspora dos negros que nos santos cultuavam seus Jinkisi, Voduns e Orixás secretamente, com seus okutás (pedra ritualistica) dentro dessas imagens, e seus rituais sendo realizados de maneira velada encobertos pelos mesmos ancestrais daqueles que os escravizavam e tentavam destruir suas culturas.

 Dessa mescla, no início, ainda na tentativa de escravizar os nativos, os índios, verdadeiros donos da terra, começou a miscigenação e o nascimento de um novo povo, uma nova ancestralidade: A brasileira.

 Ainda que os índios constituam a ancestralidade primeira dessa terra, essa ainda não era a Terra Brasilis, que se formou de vários povos nos dando a cara que temos hoje.


Querer atribuir apenas aos índios a ancestralidade nativa do Brasil vejo como erro, forma a base, mas não do Brasil, e sim desse território, mas se for assim, eles teriam vindo da África, berço da humanidade.

 Assim, no começo da formação da Terra Brasilis se mesclaram os índios e os africanos de origem Bantu, os primeiros a chegar aqui como escravos, dado o fato dos índios não se mostrarem uma boa mão de obra escrava.

 Pelo contato nas atividades agrárias e pela similaridade religiosa e social, índios e negros bantus interagiram e com o passar do tempo mesclaram seu sangue e suas culturas.
 
Começa ai o culto Bantu-ameríndio, matriz que muito depois formaria a Umbanda, ainda que indiretamente. Prova está que o Candomblé Angola tem forte presença de caboclo, e são tratados como ancestrais nativos, mesmo não fazendo parte do culto do Candomblé. E se fazem presente especialmente nessa nação, em proporção muito maior que nas nações Ketu e Djedje, que derivam dos povos nagos e ewe-fons, que chegaram depois dos bantus, já com a presença menos significativa de interação com o índio.

 Entre 1850 e 1913 a Nbandla que daria origem a Umbanda, a palavra bantu “`Nbandla” quer dizer em sua acepção principal “a congregação mais antiga”. Esta associação ou congregação mais antiga certamente assumiu este nome público, em outro tipo de sociedade, para separar-se, ou não ser confundida com uma outra associação, esta sim, por certo, “mais nova”.

 Isso se deve ao fato de que, quando o Candomblé chegou no Brasil, essa prática que nós conhecemos teve início com três senhoras: Iya Detá, Iya Kala e Iya Naso, que fundaram o primeiro Candomblé de que se tem conhecimento, a atual Casa Branca, que funcionava na Barroquinha.

 No início do século XIX, provavelmente em 1830, essas mulheres fundaram, num terreno arrendado nos fundos da Igreja da Barroquinha, onde cultuavam Nossa Senhora, uma casa de candomblé que recebeu o nome de Ìyá Omi Àse Aìrá Intilé. O candomblé da Barroquinha foi resultado da associação de elementos litúrgicos provenientes principalmente dos nàgôs e dos Djèdjè, e serviu de modelo a todos os demais, inclusive aos das outras etnias.


 Dai a nagotização, tanto do Candomblé Angola e Djedje quanto da Umbanda, todas as etnias adotaram o culto aos Orixás como padrão, até pelo fato de maioria dos escravos mandados ao serem de cultura Yorubá.

 Nesse ponto também as outras culturas africanas estavam perdendo identidade, pelo próprio tempo que já estavam afastadas de sua terra e de sua cultura, e pela maioria nago entre os negros escravos, o que forçava a naturalmente ocorrer uma adaptação cultural, lingüística e religiosa, sendo mantido apenas pelos mais velhos que viviam em núcleos mais afastados de grandes concentrações de outras nações e os últimos a chegarem aqui, que por esses motivos, mantinham ainda sua cultura original preservada.

Bibliografia
África, mitos y leyendas - Alice Webner
Traduzido por Mametu Ndenge Mutarerê

sábado, 5 de maio de 2012

A origem da perseguição ao homossexual!

Por Erick Wolff8
05/05/2012


A formação da estrutura religiosa e suas leis.

As leis que descrevem a vontade de um Deus foram criadas pelo homem, cada palavra  narra  conceitos  segundo  as  experiências,  vivências  e  propósitos  humanos,  já  que  está  sujeita  a  visão  de  seus  intérpretes  e  da  cultura  a  que  ele  pertence,  ou  seja,  a  religião  perpassa os desejos do homem. Desta  forma um  Deus criador  e onipresente, serve aos  propósitos de um sacerdote e da comunidade na qual ele está inserido. Neste conceito o divino  reza  a  origem  do  homem  pelos  poderes  celestiais,  criando  um  reflexo  entre  o criador e a criatura, moldando a criatura a perfeição e semelhança do criador, fazendo-a sua imagem.
O  primeiro  passo  será  o  de criar  o  conceito  macho  e fêmea, para ajustar e preservar os  moldes  da  união  entre  um homem  e  uma  mulher, garantindo  assim  a  procriação dos  seres  humanos,  na conjectura de uma única via de união  que  mantém  a estabilidade  social,  qualquer exemplo  que  fuja  deste  molde deverá  ser  eliminado  ou descriminado. 

Esta  lei  garante  a  preservação da  humanidade  através  da formação  da  família,  caso  isso não  ocorresse  não  haveria  a origem  de  novas  crianças  e tampouco  a  criação  de descendentes,  um  dos  pontos cruciais  para  a  comunidade Yorùbá, assim como também é em  praticamente  todas  as religiões  que  conhecemos, garantindo  assim  a  formação de novas famílias e a manutenção das sociedades.
As  religiões,  de  modo  geral,  estabelecem  que  deve  existir  apenas  um  modelo  de  casamento,  baseado  na  união  de  casais  heterossexuais,  ou  seja,  um  homem  e  uma mulher, desta forma as leis e bênçãos se aplicam a este único molde matrimonial, cuja finalidade  é  de  trazer  filhos  e  gerar  a  prole,  assumindo-o  como  uma  verdade  universal para aquela comunidade.
O sacerdote cria as leis divinas seguindo seus conceitos e interesses, considerando assim como  única  e  restrita  a  forma  de  união  entre  os  seus  adeptos  e  a  sociedade  que  os cercam,  sendo  assim,  não  há  espaço  para  qualquer  outra  forma  de  amor  que  não  se enquadre  nestes  parâmetros  pré-estabelecidos  por  eles,  por  exemplo  as  relações homoafetivas.

Até então o “casamento religioso” é um fator  que  envolve  apenas  casais  heteros,  pois ele  possui  a  finalidade  de  abençoar  os  cônjuges  para  que  gerem  muitos  filhos  e descendentes. 

Por isso o sexo entre homossexuais é considerado um tabu na cultura Yorùbá, pois não geram  descendentes,  através  das  vias  convencionais  e  visa  somente  o  prazer  sem intenção de reprodução.

Leia mais
O HOMOSSEXUALISMO ABORDADO NA RELIGIÃO YORÙBÁ

http://www.olorun.com.br/documentos/O-HOMOSSEXUALISMO-ABORDADO-NA-RELIGIAO-YORUBA.pdf

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Deus Reflexo criado pelo homem

 Por Erick Wolff
03/05/2012
 

Deus Reflexo – É um "deus" criado e nomeado para refletir os interesses coletivos da nação e necessidades individuais de uma pessoa. 

A palavra religião vem do latim religare, que significa religação com o divino, ou seja, um conjunto de crenças, sistemas culturais e sociais que exprimem a vida e tradições de uma sociedade. Este conceito é estabelecido através de símbolos, valores morais, sentimentais e culturais de um povo. A maioria das religiões narram à origem do Deus central (contendo ou não mais deuses auxiliares), a origem do universo e do próprio homem, mantendo a tradição através da escrita e ou oralidade.

Neste mesmo processo encontramos o “Deus Reflexo”, que foi criado segundo os moldes e necessidades de determinada sociedade, que transporta as suas obrigações para a santidade da divindade criada, favorecendo os padrões e exigências daquele povo, ou seja, o Deus Reflexo será sempre um reflexo do seu povo, enquadrando as necessidades sociais e culturais para manter o controle e os desejos da sociedade que o cultua, impondo valores, controle e equilíbrio para o sacerdote através das leis criadas por aquele Deus reflexo.

Leia mais
http://www.olorun.com.br/documentos/O-HOMOSSEXUALISMO-ABORDADO-NA-RELIGIAO-YORUBA.pdf

www.olorun.com.br


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