terça-feira, 10 de abril de 2012

Setilu (Agboniregun) e o oráculo de Ifá














Por Erick Òòsàálá
11/04/2012


Segundo Jonshon, History fo the YorubasSetilu seria de origem Nupe, e que, no início, a geomancia de Ifá era jogado com pedras, que depois foram substituídas pelas sementes de palmeira (ikin).



 



 




The History of the Yorubas, Samuel Jonhson, 1921, p. 33

Ifá é um sistema oracular, um princípio de adivinhação e interpretação através de 16 signos deste sistema chamados de Odù, que foram introduzidos por Setilu[1] na dinastia Odùdúwá, sabe-se que ele foi um grande sacerdote que apesar de cego, deu início ao sistema oracular de comunicar-se com os Odù e as Divindades africanas, dando inicio ao cargo de Bàbáláwo.

Cada Odù é abstrato e não possui Ara (corpo), ou seja, diferentes das divindades Africanas, nada mais são que mensagens dos pensamentos de Olódùmarè, em estados positivo ou negativo, estas mensagens recebem o nome de itàn.

Porem é preciso destacar a cultura Afrosul e seu sistema oracular, baseado na leitura vinculada apenas ao òrìsà, este sistema dispensa os Itán e o estado de cada Odù, desta forma a base oracular do Nàgó Afrosul segue apenas a posição e a vontade das divindades cultuadas por este povo, sem o vínculo com o sistema de Ifá, fundado por Setilu.

A origem religiosa da nação Africana Nàgó foi o culto a Òrìsà, tendo Olódùmarè como o centro do estado religioso, porem Olódùmarè não interage com os seres humanos, criando algumas divindades para auxiliar esta divindade quanto aos seres humanos.  (Johnson)

Sendo assim é possível notar que a cultura Yorùbá, era voltada para o culto ao òrìsà, com a vinda de Odùdúwá e sua comitiva, teve-se o início da nova cultura religiosa trazida por Setilu. Baseado nisso, que o sistema oracular Afrosul segue o sistema voltado apenas para òrìsà, dispensando o sistema tradicional que envolve a maioria das afro-brasileiras. Desta forma notamos que a humanidade primeira aprende a contar, criando assim um oráculo voltado para comunicar-se com os órìsà, através do método Ìkà[2] = O bà ni Ìkà “aquele que abaixa e faz conta”, ou, “o que se lança para contar”, tradução livre do informante Luiz L. Marins

Após, a humanidade aprende a ler e riscar sinais, criando parábolas através do método Ìlà = O rù n’ mi ìlà “aquele que carrega sinais” também uma tradução livre do informante Luiz L. Marins.
  
Outro ponto interessante a destacar é que a divindade vinculada ao ritual Afrosul é cega idêntica a Setilu, que enxerga através do sistema oracular. Que foi aglomerada e cultuada entre os Òòsàálá desta cultura, sem falar que esta divindade usa preto e branco, uma intervenção gravíssima à Òòsàálá, ou seja, muito difícil veremos um Òòsàálá carregando preto. O que pode ter havido de confusão no começo da organização desta cultura é a confusão entre Setilu e Orunmiláia.

Nota - Este ensaio é apenas uma suposição, pois não existem dados que relatem a relação entre Orumiláia (na cultura Afrosul) e Setilu.


[1] Setilu - foi um grande sacerdote da época Odùduwà quem iniciou e ensinou os segredos dos Odù, dando o nome de Ifá, iniciando grandes sacerdotes na cultura de Ifá, dando a origem ao cargo de Bàbáláwo (pai, senhor dos mistérios). [Johnson]

[2] Ìkà – método de contar e calcular.


Bibliografia
THE HISTORY OF THE
YORUBAS
From the Earliest Times to the Beginning of the
British Protectorate
BY
The REV. SAMUEL JOHNSON

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O grave erro do sincretismo

Por Erick Wolff8
04/04/2012

O Cristianismo é uma religião que influência muito as religiões de matriz africana, por muitos anos, este veio embutindo costumes e conceitos que deturparam o segmento religioso e cultural afro-brasileiro,  fato que se dá hoje em dia vermos sacerdotes comemorando Páscoa, Natal e demais cerimônias dentro dos templos da cultura Afro-brasileira.

Porem o que favorece e ou depõe contra este sincretismo para a Tradicional Família Afro-brasileira?

A meu ver não ajuda em nada, ao contrário disso, chega a destruir a essência da própria religião, pois os templos que seguem as divindades Africanas, não assimilam corretamente a cultura do Cristianismo e sufocam a sua própria origem, ou seja, diante de uma religião maior a menor é sufocada.

Para entender melhor seria preciso observar a própria história dos brasileiros, onde a imposição da cultura Cristã (protestante ou católica) aos nativos das terras brasileiras fez com que eles perdessem a sua identidade, esquecendo seus costumes e conceitos, para assimilar a nova religião, pois segundo os Cristãos tudo é pecado e proibido, não seria de estranhar que a fé nas divindades africanas também fosse amputada.

Então qual seria o comportamento adequado diante da Semana Santa que inicia logo no dia 05 de Abril?

A Tradicional Família Afro-brasileira, não deveria vincular ritual algum, como a maioria procede com aberturas de Cura (cortes feitos com navalha, que seguem marcações semelhantes usadas nas tribos de origem do seu culto), fechamento Yara-bo (quarto de santo) e cobertura dos Ìgbá-Òrìsà (assentamento de orixá), apagam as velas das divindades cultuadas e etc... Estes procedimentos não fazem parte dos rituais praticados na África, sabendo que o culto antecede o próprio Cristianismo, estes rituais citados foram criados aqui no Brasil pelos sacerdotes que supostamente eram perseguidos pela policia e padres, fazendo-se a necessidade de gerar rituais que disfarçassem os rituais da religião de Matriz Africana.


Por isso que os conceitos devem ser revistos, para que os atuais iniciados possam readaptar seus costumes para desvincular as culturas, criando assim uma independência e fortaleçam a própria fé e crença.


Esta imagem ilustra a realidade da própria cultura Afro-brasileira, as imagens católicas representando as divindades cultuadas na religião, fazendo perder a sua origem, personalidade e conceito, ou seja, sem perceber o adepto da cultura promove a castração cultural.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O que será que está acontecendo com a nossa religião?

É muito triste ver ridicularizarem os rituais de matriz africana, um estabelecimento comercial usa nossa religiosidade como atrativo para chamar cliente para beber, um deboche com a nossa sagrada religião, afinal não costumamos transformar em botequim nossos rituais. 

As águas de Oxalá são um ritual sagrado que envolve toda uma preparação espiritual, não saímos às ruas para lavar calçadas, muito menos concordo com os religiosos vão lavar as escadarias do Bomfim, afinal cada um no seu quadradinho, pior é acharem que nossos sacerdotes são gari e margarida. Claro que Gari é uma profissão respeitadíssima, seria mais que uma honra ver um sacerdote que além de ministrar os rituais, ainda possa trabalhar para a população limpando as ruas, mas que fique claro que não somos faxineiros e muito menos temos obrigação de sair às ruas lavando calçadas de pinguços, quem dirá as calçadas do Copan, mesmo que sejam baianas fantasiadas, este é um ritual sagrado que envolve preceitos, não é para diversão da população...

O motivo desta revolta foi ficar sabendo de um release enviado pelo Bar Dona Onça que mistura seu cardápio com a nossa religiosidade, bem do tipo – venha almoçar com direito a uma cachacinha e uma lavada na calçada do Copan, sob o título “ÁGUAS DE OXALÁ NO DONA ONÇA”, na data 06 de fevereiro de 2012.

Querem acabar com nossos rituais e tradição, ao mesmo tempo em que nos ridicularizam expondo nossos rituais desta forma.

TIKTOK ERICK WOLFF