sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Hierarquia - direito de resposta

Caro Hendrix,

Eu preferi trazer o senhor para este campo, meu blog, pois tantas vezes eu postei comentários e foram apagados quando os mesmo não suportavam a realidade, ditando assim apenas uma realidade pessoal e restrita, sendo assim, prometo que manterei cada post, desde que não haja ofensas pessoais ou palavrões cada palavra aqui postada será de suma importância para o conhecimento da tradicional família Afro-brasileira.

Segundo suas palavras eu devo lembra-lo de que o senhor também é caucasiano, como eu e o amigo Luiz L. Marins que pertence à mesma religião que o senhor, pois ambos foram iniciados no Batuque, devo lembrá-lo também que ambos lutam pela comunidade religiosa e que ambos são detentores de uma posição importante na cultura e perante a comunidade, sabendo que o Luiz acabou de lançar um livro “Dos Yorubá ao candomblé d e Ketu, editado pela Edusp, que por sinal é um grande livro, aconselharia e lê-lo, que mais uma vez tem um trecho de autoria de um escritor "Norton Correa", que seria interessante ficar a par do tema, mas vamos ao assunto que interessa.

Eu acredito que poderia levar horas para explicar aqui o conteúdo da matéria, para que o senhor entendesse, mas irei resumir, assim abreviamos o tempo de cada um afinal o material enviado é muito extenso e quero dar espaço para que o senhor responda.

  • “Acabei de ler alguns trechos da revista online Olorun.com.br, editada pelo jornalista (branco) e babaloriá Erick Wolff de Oxalá onde o próprio, num pequeno artigo sobre Hierarquia, cita uma frase de Luiz L. Marins (branco que só aparece como escritor e que acho que é iniciado no candomblé) afirmando que tenta-se camuflar o “autoritarismo e absolutismo dos reis negros [...] jogando a culpa do tráfico nos europeus, quando a guerra e a captura eram feito pelos próprios negros contra negros, dentro do território africano”. “

Gostaria também de esclarecer que apesar de pertence à religião afro-brasileira, em momento algum eu uso títulos ou cargos para engrandecer o meu conteúdo. Faço um trabalho voluntario para a comunidade Negra e a tradicional família Afro-brasileira, a qual tenho lutado bravamente em prol da mesma.

Devo imaginar que o senhor deve ter lido muito rápido e pelo calor do tema, que realmente é um assunto que envolve certa calma para ler e entender, não deve ter  chegado ao amago do conteúdo.

Não estou acusando ninguém das atrocidades acometidas pelo passado, mas sim comentado a história a qual vemos nua e crua, pois sabemos que os negros eram vendidos na  África pelos próprios  negros,  consta da história universal, não falei e nem distorci nem um centímetro da realidade, mas o tema em momento algum é este... O assunto da matéria é justamente o contrario, pois eu faço uma clara menção da inversão dos valores e onde vemos um Òrìṣà tendo que se prostra aos pés de um sacerdote ao invés de vermos o contrario...

Concorda que o assunto não tem nada haver com preconceito e ou racismo?

  • “Questão essa que o jornalista acredita ser “um ponto importantíssimo a ser estudado e discutido pelos estudiosos”.   Ora, de que história estamos falando aqui então? Da história contada pelos brancos que querem se eximir da responsabilidade histórica que sua raça possui? Ou a da verdade, que esses brancos difundiram o seu mal no continente Mãe, espalhando a mentira, o ódio e o medo entre comunidades agrícolas, pastorís e mineradoras. “

Hendrix como disse acima o senhor também é caucasiano e sei que um grande estudioso, deve saber que estamos falando de duas coisas diferentes, onde o amigo Luiz L. Marins cita fatos claros da história, agora o que os Europeus fizeram com os irmão negros, aí é outro assunto, porem como eu jamais participei disso, não posso testemunhar e muito menos acusar ou assumir uma culpa a qual eu não participei, da mesma forma que sou solidário com os demais povos que sofreram no mundo antigo e  ainda sofrem no mundo  contemporâneo. Pois é fácil culpar  os  outros e não fazer  nada, por isso que me  dedico voluntariamente para  a comunidade Afro residente no Brasil e mundo afora, pois de certa forma eu possuo sangue negro na minha família e tenho orgulho, foi por este sangue que resolvi lutar e contribuir culturalmente, sem distorcer  realidade e ou a história.
  • “O Egbé Òrun Àiyé nacional e todas as suas seccionais regionais se integram aos quadros do movimento social negro em defesa da reparação histórica através de políticas públicas e do estudo metodologicamente qualificado das culturas africanas como pressuposto opositor ao esvaziamento da africanidade do culto e ao seu branqueamento.   Trabalhamos na perspectiva do enegrecimento, conceito fundamentado em valores afrocentrados. De forma alguma apoiamos o racismo e suas formas intelectualizadas de expressão, pois só servem para destituir de legitimidade as lutas em pról do povo negro.  “

Aqui temos um ponto muito interessante que apesar de não ter a oportunidade de presenciar alguma palestra sua, sempre dei apoio e até postei nos meus veículos a sua programação, sendo sempre simpatizante com o seu trabalho. Eu devo acreditar que diferente da luta que tenho empenhando aqui em São Paulo, a sua critica é em vão, e ofereço espaço para que assim que houver algum tema que ofenda ou deprecie realmente  a cultura, a família e os descendes afro-brasileiros, para que possa expor suas ideias e conceitos, desde que haja uma responsabilidade com a moral, leis e fatores religiosos, afinal a magazine Ọlọrun é um veículo que agrega e soma a diversidade, por isso sinta-se convidado a expor uma matéria e ou um estudo.



Mensagem enviada pelo professor e Bàbálòrìṣà
Prof. Bàbá Hendrix Ifáomi Silveira ti Òrúnmìlá
Dir. Pres. Egbé Òrun Àiyé/RS
www.egbeorunaiye.blogspot.com

Segue o material ao qual eu acredito que todos devam partilhar.

Por Erick Wolff8

O culto aos ancestrais


A segunda edição da Magazine On Line Ọlọrun, aborda conceitos importantíssimos para a comunidade Afro-brasileira, o estudo de quatro colunistas  abordando o tema “noção de pessoa”, discutindo abertamente sob as considerações de várias vertentes religiosas.

Aulo Barretti Filho e Luiz. L. Marins –,Concepção Iorubá da Alma – os dois escritores traduzem e comentam um texto riquíssimo de Willian Bascom, que aborda noções de pessoa e posiciona conceitos sobre a alma que ainda é muito confundido aqui no Brasil.

Rudinei Oliveira – Arísùn Ara Okú -, trouxe um texto do Chief Adisa Awoyemi Olaifa, muito interessante que exemplifica costumes e rituais, mais tarde o colunista apresenta o conceito do Arísùn Ara Okú afrosul, também muito interessante permeando   o Batuque em geral.

Tateto Oluandeji, que fala sobre – Nascimento nos tempos antigos -, este sacerdote pertence a cultura Bantu, e  colabora muito com texto e matérias que somam a rica diversidade deste veiculo.

Entre estas matérias  temos ainda mais algumas postadas que abrangem o tema ancestralidade.

Visite a magazine On Line - www.olorun.com.br

Por Erick Wolff8

domingo, 16 de janeiro de 2011

“Deusa dos Fluídos” o declínio de uma Divindade

Vulgaridade e pretenciosismo desfigurando a face de Yèyé omo ejá (Mãe cujos filhos são peixes), esta é uma exposição fotográfica assinada por Gal Oppido, que abrirá no próximo dia 26 de Fevereiro, no  Museu Afro Brasil.

Há algum tempo um lixo cinematográfico – Yansan, produzido por Carlos Eduardo Nogueira, para o Porta Curtas Petrobras, no ano de 2006, patrocinado pelo Ministério da Cultura, Petrobras e Sabesp. A família tradicional Afro-brasileira se constrangeu diante da criação depreciativa e distorcida daquele filme, ofendendo assim os pais que desejam educar seus filhos sem o vulgar e infeliz material divulgado.

E agora me deparo com outra possível aberração artística que transforma Yemonja, numa vulgar efígie saliente e insensível. Para meu desagrado um significativo texto que continha partes intima de uma masturbação ótica, distorcendo mais uma vez a cultura Afro-brasileira, transformando num avacalhamento cultural.

Devo imaginar que a visão do ensaísta Gal, foi sob uma perspectiva nublada que tenta transformar um ensaio sexual feminino, para derrubar a tradição do orixá africano. Chegando a misturar “Nossa Senhora” à “Yemonja”, sem ao menos decifrar a própria essência da Odò (rio) ìyá (mãe) do povo Egbá. A mostra também inclui uma instalação para a exibição dos vídeos  "Bras au Vent” e "Iemanjá Deusa dos Fluídos: processo de construção de um ensaio”.


E não para por aí, ainda temos a apresentação da tal “Obra”


A concepção da criação dos deuses Yorùbá transformado num simples  anódino orgasmo vulvário, em alguns momentos parece que as águas mencionadas, assemelham a corrimentos vaginais, sem pretensão alguma para desmerecer o trabalho que me chegou as mãos, o leitor poderá acompanhar no próprio texto que segue.

Deusa dos Fluido

A partir da figura de Iemanjá, despojada de suas vestes marianizadas e entendida como aparição palpável, aquela que com o cordão umbilical alimenta dentro de seu mar interno a vida sêmen-ada que jorra para o mundo seus oceanos vaginais com felizes náufragos incubados durante meses para aportarem na praia dos humanos.

O erótico como provedor dos ritos de celebração e pró-criação da vida, o corpo da mãe que se orgulha da não-virgindade, pois possibilita o outro corpo, que protege o irmão, o companheiro de luta e desespero; o mesmo corpo que na vigília e no caminhar épico pelos campos africanos religou todos os continentes.

Num sincretismo distorcido e despregado da cultura afro-brasileira, devo imaginar que a própria divindade se sentiria coagida  diante tal comparação, devo imaginar que o criador de qualquer obra possa registrar o que gosta de levar para a  cama, porem transformar o sagrado numa copula, já excede a liturgia desta cultura.

A Maria das Marias, a Maria do Mar, a Maria Preta, a Maria Ninguém, portanto etérea, fluída, onipresente, dos terreiros, terrenos e da terra.


"Humanos úmidos, uni-vos!"  Gal Oppido


Considero que Yemonja ou Nossa Senhora não sejam duas vadias retratadas dê propositalmente, espero que os artistas comecem a estudar melhor a cultura Afro-brasileira e a Cristã para colaborarem para ambas as culturas, que apesar de não conhecer muito a cultura cristã, devo imaginar que ambas as famílias possam não ficar satisfeitas em levar seus filhos para ver um trabalho com um teor sexual tão vulgarizado.

Diretor curador: Emanoel Araujo
Diretor executivo: Luiz Henrique Marcon Neves
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo- SP - Brasil
CEP: 040094-050
Fone: 55 11 3320-8900
www.museuafrobrasil.org.br


Abertura: 26 de fevereiro
Hora: 12h00
Duração: 26 de fevereiro a 17 de abril
Funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas (permanência até às 18h)
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul
Entrada: Grátis
Classificação: Livre
Para maiores informações: faleconosco@museuafrobrasil.org.br
Para agendar visitas: agendamento@museuafrobrasil.org.br ou
Fone: 55 11 3320-8900 ramal 121
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O direito de resposta do Ensaista


“Deusa dos Fluídos” – o direito do olhar

Quando resolvi em viagem a África em 2010 a iniciar um ensaio sobre Iemanjá eu começava a descortinar um véu que sempre carreguei de que essa Deusa tão cultuada no Brasil, tinha na África, uma essência muito mais humana do que eu estava habituado a ver.

Envolta sempre em grandes rituais, vestes, e na liturgia, eu não conseguia dissociar a imagem de Iemanjá de uma santa, mais uma imagem de Maria, de mãe, como na igreja católica.

Percorrendo os vilarejos, vivenciando a simplicidade do culto em terras africanas, percebi que Iemanjá é uma Deusa Palpável. Aliás, fui mais longe, Iemanjá pra mim é a única santa possível do século XXI.

Por quê? Porque sua vida, seus amores, seus filhos e a própria cultura africana, possibilitam, devolvem a ela e a mulher, o direito a sexualidade, sem que ela perca absolutamente nada do que representa dentro do culto. Essa é a grande vitória de Iemanjá, a grande vitória das mulheres que representa, a grande vitória de um culto que não coibi, e que mesmo permeando o lúdico, carrega em si, muito mais da realidade que enfrentamos todos os dias e que precisamos enfrentar para crescer.

Caro editor, o direito ao olhar é um direito adquirido. Sua interpretação, seus significados, também percorrem um caminho que é muito pessoal. Aceito a crítica, mas preciso expressar que talvez sim em minha vida eu tenha conhecido mulheres de Iemanjá, e talvez de Oyá ou Oxum. No entanto, nessa exposição eu mostro a imagem de uma Iemanjá que eu conheci não na intimidade de dois corpos que se encontram, mas aquela que me surpreendeu na África. Despojada de vestes, de luxo. Uma Iemanjá que me olhou fundo no olho e que me mostrou que além de deusa é mulher, e que enquanto mulher exercia seu direito maior, o de existir, o da sua sexualidade sim. Fluídos vaginais, fluídos do leite que alimenta, fluídos do rio, do mar, do vaso de água que carregavam por caminhos longos, as filhas de Iemanjá, e não só de Iemanjá, que encontrei em terras áridas.

Espero poder contar com sua presença. Espero que juntos tenhamos o direito do olhar. Iremos compartilhar dos fluídos dessa Deusa que também são aqueles fluídos invisíveis. Energéticos. Esses com certeza mais visível a você do que a mim, que só enxergo a imagem palpável, e permaneço no campo do estético, enquanto a ti, foi dado o campo da essência.

Iemanjá nessa exposição está longe da decadência, mas sim da mulher que exerce a sua sexualidade sem, pelo contrário, perder sequer uma gota de seu valor. Essa é uma ideia que deixa refém mulheres e mulheres ao longo de toda uma história, que sabemos injusta. Não caia nessa armadilha fácil do julgamento. Banhe-se nas águas profundas da Deusa. Banhe-se de sua energia fluídica e compartilhemos.

Atenciosamente,

Gal Oppido
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Comentário do Redator

Gostaria de comentar que o fotógrafo Gal Oppido, não deve ter frequentado os atuais terreiros que aboliram o sincretismo com a cultura Cristã, fazendo uma enorme confusão entre os rituais da Umbanda e do Candomblé, onde Yemonjá não é mais associada a imagem de Maria, são pontos importantíssimos que fariam diferença na hora de fotografar, mesmo porque todos os sacerdotes que mostrei a matéria se sentiram ultrajados com a postura orgástica da modelo, que em momento algum traduz o prazer  de ser mãe, passando para teor sexual e  deixando de  lado a pureza e o sentimento de ser mãe, sabemos que na África é comum as mulheres andarem com os seios de fora, contudo adornar uma mulher com o Adé de Yemonja e colocar em poses maliciosas não faz desta exposição o merecimento de carregar uma homenagem à Deusa, sugerimos que reformule o conteúdo e  destine apenas a Maria, que quem sabe possa ser melhor aceita, não precisamos de mais conteúdo depreciativo para  a nossa  cultura.

Sugerimos também que retire nossos adornos sagrados, pois não são objetos d e chacota e muito menos desejamos que sejam usados desta forma, nossas Deusas e divindades possuem o poder da sedução e sensualidade, o que difere de uma vulgaridade registrada, nós sacerdotes e a família tradicional africana, esperamos que reconsiderem que está exposição irá nos ofender profundamente.

Por Erick Wolff8

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A assessoria de Imprensa do Museu Afrobrasil, antecipou um comunicado com o seguinte  recado - Olá amigos, comunico que a exposição do fotógrafo ensaísta,  Gal Oppido,  que abrirá no próximo dia 26 de fevereiro, às 12 horas, será “Antífona” e não mais “Deusa dos Fluídos”, como divulgado anteriormente.

Será uma mostra com 27 imagens baseada na obra de mesmo nome do escritor negro, Cruz de Souza. - esta vitória nos proporciona o respeito e o reconhecimento ao qual lutamos, chega  de  marginalizarem os nossos ícones e religião.
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Grato pelo bom censo ao redefinirem uma nova exposição, tenho certeza que será um sucesso.

Erick Wolff8 - redator

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