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domingo, 22 de junho de 2008

Oyá - Iansã

Na Mitologia Yoùbá, o nome Oyá provém do rio de mesmo nome na Nigéria, país que faz parte da Iorubalândia, atualmente chamado de rio Níger. No entanto, não se trata de uma divindade das águas, mas da Senhora dos ventos, raios e tempestades, elemento fogo, seu metal é o cobre. Também chamada de Oyá-Yánsàn.

O seu culto está associado à morte e aos ancestrais, por saber lidar com os Eguns, é ela que os encaminha, manifesta-se nos rituais de Àsèsè ou Axexê em português.

Foi esposa de Ògún e posteriormente uma das três mulheres de Ṣàngó.

Oyá é aquela que divide com Ṣàngó o àṣe de soltar fogo pela boca e o acompanha nas batalhas, tendo alcançado ao seu lado grandes vitórias.


Iansã ou Oyá
Rainha dos raios, ventos e tempestades, Iansã é um Orixá feminino, enérgico, sensual e autoritário. Na mitologia dos Òrìṣà Oyá primeiramente foi casa com Ògún, traindo-o mais tarde com Ṣàngó, não abandonando as relações com seu primeiro casamento. Em outra passagem mitológica, Oyá é presenteada por Xapanã, que a concede o poder sobre os Eguns - espíritos maléficos, tornando-se conhecida também por a Rainha dos Eguns.

Saudação: Epaiêio
Dia da Semana:
Terça-feira

Número:
07 e seus múltiplos

Cor:
Marron escuro ou em alguns casos Vermelho e Branco

Guia:
Marrom (todas) ou 07 marrom com 01 vermelho (Timboá), 01 conta vermelha, 07 contas brancas (para Dirà), em alguns casas poderá ver a Oyá branca e vermelha 1 x 1.

Oferenda:
Pipoca, 07 rodelas de batata doce frita no azeite doce, Iapeté de batata doce (batata doce amassada com as mãos misturado o azeite de dendê), Acarajé.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Oyá Timboá = Ligada aos desapegado, sem rumo, ligada aos que moram na rua, fundamento com o Bará Lodè, onde tiver beco, casas abandonadas, lixeiras e andarilhos, ela reina entre os espíritos que ali moram. (7 marrons e 1 vermelha)

Oyá Dirã
= ligada aos Eguns, muito semelhante a Oyà Gbale ou Igbale, dona da rua e caminho, ligada à terra. (7 marrons e 1 vermelha).

Iyá-Mesan ou Yansã
= mais velha das Oyá, conhecida mesmo como Yansã.

Oyà Onìrá
= guerreira e agressiva, companheira de ọ̀sún, dona das estradas, principalmente com nas encruzilhadas, tem quizila com Ògún. (marrom)

Oyà Gbale ou Igbale
= (aquela que retorna a terra) divide o igbá com  9 Egun - idem a Dirà (7 marrons e 1 vermelha)

Oyà Fúnka
= senhora das tempestades, que espalha ao redor (marrom)

Oyà Lariwo
= como trovão (7 marrom e 1 branca)


Oferendas: àkàrà ou acarajé, ekuru e abará.

Ekuru é uma comida ritual. A massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé, feijão fradinho sem casca triturado, envolto em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no vapor.

Abará é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé.
O abará tem a mesma massa que o acarajé: a única diferença é que o abará é cozido, enquanto o acarajé é frito.
O preparo da massa é feito com feijão fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirada toda a casca, passa-se novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescentam-se cebola ralada, um pouco de sal, duas colheres de dendê.
Quando for comida de ritual, coloca-se um pouco de pó de camarão, e, quando fizer parte da culinária baiana, colocam-se camarões secos previamente escaldados para tirar o sal, que podem ser moído junto com o feijão, além de alguns inteiros.
Essa massa deve ser envolvida em pequenos pedaços de folha de bananeira, semelhante ao processo usado para fazer o acaçá, e deve ser cozido no vapor em banho-maria. É servido na própria folha.

Ferramentas: espada, par de alianças, cálice, moedas, búzios, raio, entre outros

Ave:
Galinha vermelha arrepiada para Oyá Timboá ou carijó, galinha vermelha para as demais ou carijó

Quatro pé:
Cabrita Malhada escura

O - Ado ado a sè máa ado sè dé l'Oya
R - Ado ado a sè máa ado sè dé l'Oya

Lenda
Ògún foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, Ògún tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era Oyá, coberta de belos panos coloridos e braceletes de cobre. Oyá escondeu a pele e os chifres dentro do formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que Ògún tinha visto tudo. Assim que ela se foi, Ògún se apoderou dos pertences de Oyá. Depois foi à cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas, ela recusou a corte. Ao anoitecer, ela voltou à floresta, e não encontrou a sua pele, nem os seus chifres. Voltou à cidade e encontrou Ògún, que lhe disse estar com ele o que procura. Em troca de seu segredo, Oyá foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibirem-no de comentar o assunto com qualquer pessoa. Chegando a casa, Ògún explicou a suas outras esposas que Oyá iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Desse casamento nasceu nove crianças, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se conseguiu embriagar Ògún e ele acabou relatando o mistério que envolvia Oyá. Depois que Ògún dormiu, as mulheres foram insultá-la, dizendo que ela era um animal e revelando que suas coisas estavam escondidas no celeiro. Oyá encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos. Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo, bater as duas pontas; com esse sinal ela viria socorrê-los imediatamente. É por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de Oyá.
Oyá é dividida em nove partes
Antes de tornar-se esposa de Ṣàngó, Oyá vivia com Ògún. Ela vivia com o ferreiro e ajudava-o em seu ofício, principalmente manejando o fole para ativar o fogo na forja. Certa vez Ògún presenteou Oyá com uma varinha de ferro, que deveria ser usada num momento de guerra. A varinha tinha o poder de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres. Ògún dividiu esse poder com a mulher.
Na mesma aldeia morava Ṣàngó, ele sempre ia à oficina de Ògún apreciar seu trabalho e em várias oportunidades arriscava olhar para sua bela mulher. Ṣàngó impressionava Oyá por sua majestade e elegância. Um dia os dois fugiram para longe de Ògún, que saiu enciumado e furioso em busca dos fugitivos. Quando Ògún os encontrou, houve uma luta de gigantes. Depois de lutar com Ṣàngó, Ògún aproximou-se de Oyá e a tocou com sua varinha, e nesse mesmo tempo Oyá tocou Ògún também, foi quando o encanto aconteceu: Ògún dividiu-se em sete partes, recebendo o nome de Ògún Mejê, e Oyá foi dividida em nove partes, sendo conhecida como Oyá, “Iyámesan”, a mãe transformou-se em nove.
Oyá transforma-se num búfalo
Ògún caçava na floresta quando avistou um búfalo, ficou na espreita, pronto para abater a fera, qual foi sua surpresa ao ver que, de repente, de sob a pele do búfalo saiu uma mulher linda, era Oyá. E não se deu conta de estar sendo observada.
Ela escondeu a pele de búfalo e caminhou para o mercado da cidade. Tendo visto tudo, Ògún aproveitou e roubou a pele, então escondeu a pele de Oyá num quarto de sua casa, depois foi ao mercado ao encontro da bela mulher. Estonteado por sua beleza, Ògún cortejou Oyá.
Pediu-a em casamento, ela não respondeu e seguiu para floresta, mas lá chegando não encontrou a pele, voltou ao mercado e encontrou Ògún, ele esperava por ela, mas fingiu nada saber.
Negou haver roubado o que quer que fosse de Oyá, de novo, apaixonado, pediu Oyá em casamento, Oyá, astuta, concordou em se casar e foi viver com Ògún em sua casa, mas fez as suas exigências: ninguém na casa poderia referir-se a ela fazendo qualquer alusão a seu lado animal. Nem se poderia usar a casca do dendê para fazer o fogo, nem rolar o pilão pelo chão da casa.
Ògún ouviu seus apelos e expôs aos familiares as condições para todos conviverem em paz com sua nova esposa. A vida no lar entrou na rotina. Oyá teve nove filhos e por isso era chamada Oyá, a mãe dos nove.
Mas nunca deixou de procurar a pele de búfalo, as outras mulheres de Ògún cada vez mais se sentiam enciumadas, quando Ògún saía para caçar e cultivar o campo, elas planejavam uma forma de descobrir o segredo da origem de Oyá.
Assim, uma delas embriagou Ògún e este revelou o mistério, e na ausência de Ògún, as mulheres passam a cantarolar coisas, coisas que sugeriam o esconderijo da pele de Oyá e coisas que aludiam ao seu lado animal.
Um dia, estando sozinha em casa, Oyá procurou em cada quarto, até que encontrou sua pele, ela vestiu a pele e esperou que as mulheres retornassem. E então saiu bufando, dando chifradas em todas, abrindo-lhes a barriga.
Somente seus nove filhos foram poupados, e eles, desesperados, clamavam por sua benevolência. O búfalo acalmou-se, os consolou e depois partiu. Antes, porém, deixou com os filhos o seu par de chifres.
Num momento de perigo ou de necessidade, seus filhos deveriam esfregar um dos chifres no outro, e Oyá, estivesse onde estivesse, viria rápida como um raio em seu socorro.
Oyá é traída pelo Carneiro
Um dia Ọ̀ṣún e outro alguém queriam fazer mal a Oyá, Colocaram o feitiço num bracelete de Ọ̀ṣún e o puseram dentro de uma caixa para que fosse entregue a Oyá.
Agbò, então, foi chamado para levá-lo a Oyá, Agbò era o dono dos carneiros, dono dos agbò. Tudo o que ocorria no palácio era espalhado por meio da língua de Agbò, o Carneiro, mas Oyá, com sua arguta intuição, pressentiu o que lhe vinha por meio de Agbò.
Ela, então, foi ao encontro do Carneiro e na forma de um vento abriu a caixa e trocou o bracelete por um pequeno pássaro. Agbò foi um instrumento contra Oyá, mas Oyá sentiu-se traída por ele.
Desde então Oyá odeia carneiros e não aceita nem se quer comê-los.
Oyá dá à luz Egungum
Oyá não podia ter filhos, procurou o conselho de um babaláwo, ele revelou-lhe que somente teria filhos quando fosse possuída por um homem com violência.
Um dia Ṣàngó a possuiu assim e dessa relação Oyá teve nove filhos, desses filhos, oito nasceram mudos. Oyá procurou novamente o babaláwo, ele recomendou que ela fizesse oferendas.
Tempos depois nasceu um filho que não era mudo, mas tinha uma voz estranha, rouca, profunda, cavernosa. Esse filho foi Egungum, o antepassado que fundou cada família. Foi Egungum, o ancestral que fundou a cidade.
Hoje, quando Egungum volta para dançar entre seus descendentes, usando suas ricas máscaras e roupas coloridas, somente diante de uma mulher ele se curva. Somente diante de Oyá se curva Egungum.
Oyá inventa o rito funerário do aeè
Vivia em terras de keto um caçador chamado Odulesè, era o líder de todos os caçadores, ele tomou por sua filha uma menina nascida em Irá, que por seus modos espertos e ligeiros era conhecida por Oyá.
Oyá tornou-se logo a predileta do velho caçador, conquistando um lugar de destaque naquele povo. Mas um dia a morte levou Odulesè, deixando Oyá muito triste.
A jovem pensou numa forma de homenagear o seu pai adotivo, reuniu todos os instrumentos de caça de Odulesè e enrolou-os num pano. Também preparou todas as iguarias que ele tanto gostava de saborear. Dançou e cantou por sete dias, espalhando por toda parte, com seu vento, o seu canto, fazendo com que se reunissem no local todos os caçadores da terra.
Oyá embrenhou-se mata adentro e depositou ao pé de uma árvore sagrada os pertences de Odulesè. Ọlọrun, que tudo via, emocionou-se com o gesto de Oyá e deu-lhe o poder de ser a guia dos mortos no caminho do Ọ̀run.
Transformou Odulesè em Òrìsà e Oyá na Mãe dos espaços dos espíritos. Desde então todo aquele que morre tem seu espírito levado ao Ọ̀run por Oyá. Antes, porém, deve ser homenageado por seus entes queridos, numa festa com comidas, canto e danças. Nasceu assim o funerário ritual do aeè.
Oyá recebe o nome de Oyá, mãe dos nove filhos
Oyá desejava ter filhos, mas não podia conceber Oyá foi consultar um babaláwo e ele mandou que ela fizesse um Ẹbọ.
Ela deveria oferecer um carneiro, um agutà, muitos búzios e muitas roupas coloridas.
Oyá fez o sacrifício e teve nove filhos. Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
"Lá vai Oyá".
Lá ia Oyá, que quer dizer mãe nove vezes.
E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê. Oyá não podia ter filhos, mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro. E em sinal de respeito por seu pedido atendido
Oyá, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.
Oyá ganha de Obaluayè o reino dos mortos
Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu- Obaluayè chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oyá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.
Tanto girava Oyá na sua dança que provocava vento. E o vento de Oyá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluayè. Para surpresa geral, era um belo homem.
O povo o aclamou por sua beleza. Obaluayè ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oyá a rainha dos espíritos dos mortos.
Rainha que é Oyá Igbalè, a condutora dos Egun. Oyá então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o Iruquerè, o espanta-mosca com que afasta os Egun para o outro mundo.
Rainha Oyá Igbalè, a condutora dos espíritos. Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.

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