segunda-feira, 19 de março de 2018

ORI NIKAN



REVISTA OLORUN,  n. 01, dezembro de 2010
ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br

ORÍ NÌKÀN:O CULTO DE ORÍ COMO ÒRÌSÀ INDIVIDUAL.

Luiz L. Marins


Revisão 2 em janeiro de 2012
Republicada Revista Olorun n. 07


Revisão 3 em março de 2018
Não republicada.


RESUMO

O propósito deste texto é apresentar alguns versos dos oráculos iorubas que mostram a independência de Orí em relação aos Òrìsà, atendendo assim o aspecto filosófico do tema. No aspecto litúrgico, apresentaremos um rito de bori registrado por Pierre Verger na década de 1950, que mostram na prática ritual esta independência. Finalizaremos com algumas observações filosóficas sobre a perca do conceito de Orí como Òrìsà individual , e a reinvenção do rito.

PALAVRAS CHAVES:  Ioruba, Orí, Filosofias Africanas


quarta-feira, 14 de março de 2018

ERINDINLOGUN NÃO TEM LIGAÇÃO COM IFÁ


Paula Cristina Gomes
Oloye do Alaafin Oyo

Texto publicado no Facebook
Grupo Orisa University
Debate Erindinlogun x Meji

14/03/2018

Bom dia a todos, o tema deste debate é interessante e gostaria também de participar com a seguinte informação de que segundo pesquisas feitas por membros da Unesco o sistema de adivinhação do eerindilogun é um sistema de CONTAGEM primordial. Este sistema não é geomântico, nem binário, isto quer dizer que este sistema nunca pode ser meji, e a contagem da caída nunca pode ser interpretada como figuras geomânticas.

Os dois sistemas de adivinhação são diferentes e distintos, no momento em que se tentam unir ou interlaçar se perde a sua metodologia original e se perde o patrimonio.

O sistema de adivinhação do eerindilogun baseia-se em apenas numa única caída, o que faz deste sistema ser bastante complexo, pois o sacerdote além de ter que ser bastante dotado e ter anos de pratica, conhecimento e uma diversidade de itans num único Odu para poder dar a solução ao problema apresentado. Enquanto que num sistema geomântico e binário como o de ifá o sacerdote tem o apoio de 2 pernas, 2 odu que formam o meji para arranjar solução.

O sistema do eerindilogun é dividido em dezesseis categorias numéricas antigas conhecidas em ioruba como Ònkà àgbà. Cada uma acumula inúmeros versos e histórias ainda não oficialmente registradas, como formas narrativas orais de histórias de famílias, de cidades e de um povo, entre outros conceitos culturais, que são registrados nesses versos formando um compêndio histórico, cultural e mitológico iorubá.

De acordo com relatos orais, antes dos búzios serem introduzidos como um instrumento, os pedaços de marfim, nozes e sementes eram usados para adivinhação e não adoração. Por este motivo, o novo sistema geomântico de Ifá quando introduzido ao povo ioruba foi primeiramente rejeitado, pois os iorubas não adoravam sementes como é o caso de ifá, em que as sementes são adorados como Orunmila. Somente a partir do sec. XVI este novo sistema foi oficialmente reconhecido entre o povo ioruba e adicionado ao panteão dos orisas.

A contagem antiga do eerindilogun é também conhecida como Ònkà àgbà e segue esta ordem que pode variar um pouco por zona, sendo as últimas quatro 13, 14, 15, 16 categorias não cantadas, devido à sua antiguidade.

1. àgbà Èkín-ní Òkànràn,
2. àgbà Èkejì Èjì Òkò,
3. àgbà Èketa Ògúndá,
4. àgbà Èkerìn Ìrosùn,
5. àgbà Èkarùn-un Òsé,
6. àgbà Èkefà Òbàrà,
7. àgbà Èkeèje Òdí,
8. àgbà Èkejo Èjì-Ogbè,
9. àgbà Èkèsàn-án Òtúá,
10. àgbà Èkwàá Òfún,
11. àgbà Èkokànlá Òwónrín,
12. àgbà Èkejìlá Èjìlá Asébora,
13. àgbà àgbà Èkín-ní Òkànràn àgbà,
14. àgbà àgbà Èkejì Èjì Òkò àgbà,
15. àgbà àgbà Èketà Ògúndá Àgbà,
16. àgbà àgbà Èkerìn Ìrosùn Àgbà


Onisegun

Outra questão interessante é a nova geração de curandeiros na terra ioruba que são conhecidos como Onisegun. Todos o sacerdotes de orisa são Onisegun, mas nem todos os Onisegun são devotos ou seguidores da religião ao orisa.

Com isto quero dizer que com a entrada de novas religiões, como o cristianismo ou islão, muitos abandonaram a religião ao orisa se convertendo a outra religião, e levaram consigo a sabedoria da medicina tradicional como profissão, então estes curandeiros tradicionais de profissão, usam o eerindilogun misturando tudo, para poder vender o seu mercado.

Então, temos os novos oniseguns muçulmanos e cristãos, curandeiros tradicionais a usarem o eerindilogun com um novo sistema adaptado, que não tem nada haver com a religião do orisa e sua origem.

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domingo, 4 de março de 2018

DIFERENTES TRADIÇÕES JEJES NA DIÁSPORA BRASILEIRA

Este artigo foi publicado na pagina do facebook, de autoria do  sacerdote e professor Charles da Silva, em 03 de mais de 2018.

A palavra "Vòdún" é um termo designado para nomear e explicar os fenômenos da natureza como divindades e também como designação de ancestral. O Vodun é a base das culturas dos diversos povos gbé-falantes tais como os Fon, Gun, Ajá, Ewe, Gen e Bariba. O Vodun pode ser um raio ou o vento, como pode ser um ancestral de grande relevância perante os olhos de seu povo, um rei, por exemplo.

Os Voduns são cultuados dentro de famílias (Hε̆nnù, em fongbé) e cada família tem seu Vodun-chefe (Hε̆nnùgán, Dàá, Gbenúgán, Akɔ̀ nɔ̀ , Akɔ̀ sú ou Dàdá) que geralmente é dado como o pai daqueles voduns daquela família, uma matriarca (Hε̆nnùnaé, Akɔ̀ ná) que é a mãe daqueles voduns, e um Vodun jovem que é o mensageiro daquela família, chamado de "tokwenu" ou "tóquen" (principalmente nos terreiros de Mina).

Cada Vodun está ligado a um fenômeno da natureza, ou costume, como caça, pesca, guerra, agricultura, entre outros.

A organização do culto Vodun foi fruto do pensamento de Yegú Tennú Gesú, filho de Tennú Gesú, rei do Tado, e de uma princesa mítica Aligbonó, que era sacerdotisa de GbéKpò a "grande pantera" ou "pantera da vida", uma antiga divindade de grande importância. Yegú foi divinizado sob o nome de Agasú/Ajahutó/Kpòsú/Dàdáxó e acreditavam que ele era a encarnação da antiga pantera. Anterior a este acontecimento, os deuses primordiais eram chamados de Inyes e os ancestrais e antepassados eram conhecidos como Kloutó ou Kútutó, e eram princiaplmente de caráter familiar. No Benin, os cultos aos Voduns familiares é muito mais fluente do que o culto dos deuses primordiais como Loko, Dan e Aziri. 
Partindo da divisão básica do culto temos os Voduns ligados aos dois princiapais elementos:

-Àyìvòdún: Voduns ligados ao elemento terra (àyì); encabeçados por Sakpatá.


-Jívòdún: Voduns ligados ao céu (jí) - o alto, o ar; encabeçados por Xebyosò.


Dentro desta divisão existem subdivisões e classificações como exemplo: Àyìvòdún: Vodun da terra; Zùnvòdún: Vodun da floresta; Àtínhùnvé ou Àtínmɛ̀vòdún: Vòdún que habita o interior das árvores; Sòvòdún: Vòdún do trovão e raio; Tɔ̀ vòdún: Vòdún das águas; Hε̆nnùvòdún: Vòdún de ancestrais reais; Tóvòdún: Voduns de aldeias e povoados; Tóxwyo: Voduns fundadores de clãs.

No Benin os cultos mais importantes são dos Hε̆nnùvòdún por estar mais próximo a uma realidade atual, porém existem os cultos tradicionais que podemos destacar três: Xebyosò, Sakpatá e Dan. No Brasil a herança dos cultos reais não predominou, mas dos três principais voduns sim.

Também vale ressaltar que o culto de algumas divindades yorubás pelos povos daomeanos e vice versa não foi algo construído no Brasil, pois esses povos habitam regiões muito próximas e suas culturas em determinadas épocas e regiões influenciaram-se, onde alguns voduns foram incorporados pelos yorubás e os Daomeanos também inseriram algumas divindades yorubás em seus cultos a sua maneira, como por exemplo o culto de Gu que foi a adaptação do culto do orixá Ogun para o culto Vodun.


As casas tradicionais no Brasil de culto Vodun/Jeji são de diversas tradições: 
- Xwélegbétan Zomadonu ou Kwerebetan de Zomadonu (Palácio de Zomadonu), conhecida como "Casa das Minas" de culto Mina/Nesuxwé; Predominância de culto aos Voduns reais. (Maranhão)

-Nago Abioton ou Casa de Nagô de culto Mina/Nagô; Predominância de culto aos Voduns e aos Orixás yorubás, bem como aos "encantados"; (Maranhão)

-Zoogodo Bogun Male Hundó (Terreiro do Bogun) de culto Mahi; Predominância de culto Vodun e nagô-vodun; (Bahia)

-Xwé Sènjá Hùnde (Terreiro Sejá Hundê) de culto Mahi; Predominância de culto aos voduns da família de Sakpatá e Dan; (Bahia)

-Hùnkpámè Ayiono Huntoloji (Terreiro Runtolojí) de culto Mahi; Predominância de culto a Sakpatá e Nagô-vodun; (Bahia)

-Xwé Kpò e Jí (Cacunda de Yayá) de culto Savalú; predominância de culto aos voduns savalunu; (Bahia)

-Hùnkpámè Danxomé (Terreiro do Pinho) de culto Ewe/Aja: pratica uma modalidade conhecida como Jeje Dahomey

-Xwé Kpò Daagbá de culto Mahi; ao qual pertence o culto a Gú, Jó, Otolú, Dan (e família), Sakpatá (e família) e Xebyosò (e família

-Xwé Kpò Zenhen (extinto) de uiiii Aja/Fon; praticava o Jeje Modubi; (Bahia)

-Terreiro ou Casa da Turquia (extinta) e Terreiro do Egito (extinto) de culto Mina e encantaria; predominância de culto aos Voduns reais. O culto da Casa da Turquia foi preservado na casa Fanti-Ashanti de Pai Euclides; (Maranhão)
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Foto ilustrativa: Vodunsi Dona Deni com seu Vodun Lepon e Vodunsi Dona Maria com seu Vodun Alogué. Fonte: Museu AfroDigital
Algumas informações do texto colhidas com o africano Wanilo Bertrand Ananou 


Fonte - https://www.facebook.com/hungbonocharlesdasilva/posts/1657853487627567


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