sexta-feira, 27 de maio de 2016

DIÁSPORA E CULTURA TRADICIONAL


Luiz L. Marins
Maio 2016



Toda diáspora tem origem numa cultura tradicional que só existe em seu local de origem. Fora dele, tudo é diáspora, que pode ser colonial, ou contemporânea.

A diáspora recria e ressignifica a cultura tradicional de acordo com as origens e a realidade do local onde surge, e seja qual for, deve procurar manter-se alinhada com a matriz, tanto quanto possível, mantendo, porém, sua identidade diaspórica.

A diáspora colonial com o tempo sofra modificações litúrgicas e conceituais, muitas vezes contrárias à matriz, e por isto, deve, tem o direito de, tem obrigação de, tomando a matriz como referência.

Entretanto, este realinhamento não é algo simples. Realinhar não significa “ser” a matriz, e reintroduzir o que não veio, ou que se perdeu, não significa abandonar o que temos. Mas isto não é um processo simples, devido à resistência dos líderes da diáspora colonial, que não aceitam rever seus ensinamentos aculturados.

Por outro lado, a diáspora contemporânea possui um melhor alinhamento com a matriz. Ela não sofre a resistência dos mais velhos, algo comum na diáspora colonial, é geralmente aceita e contribui para indiretamente para o realinhamento da diáspora colonial. Porém, esta diáspora contemporânea também sofre resistências, não pelo conteúdo atualizado que traz, mas pelo comportamento inquisitivo dos seus sacerdotes.

Salvo exceções, via de regra, sacerdotes da diáspora contemporânea desprezam e discriminam a diáspora colonial, ainda que dela tenha vindo, usando da depreciação e do desprezo, por quererem ser os únicos a portarem o conhecimento da matriz, criticando as diásporas coloniais que buscam o realinhamento.

O comportamento de resistência dos líderes da diáspora colonial, somada ao comportamento inquisitivo dos líderes da diáspora contemporânea, levam as duas diásporas a uma situação de conflito interna e externamente.

O terceiro fator que dificulta o realinhamento das ambas as diásporas é a transformação e a ressignificação da própria matriz, que não é homogênea, possuindo várias sub matrizes.

Assim, o realinhamento da diáspora colonial necessita vir acompanhado do bom senso, conhecimento e sabedoria. Ele precisa ser feito, deve ser feito, tem o direito e a obrigação de fazer, mas, sem querer “ser” a matriz, sem que haja a perca da identidade.

Por outro lado, a manutenção da identidade diaspórica não se sustenta se for desalinhada com “as origens”, exceto pelo absolutismo e totalitarismo de seus líderes endurecidos.

Em ambos os casos, o realinhamento só será possível com a transformação da mente, e a boa vontade de ambos os lados.












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