quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Movimento Òrìsàista Afrosul.


Por Erick Òòsàálá 
30/01/2013




A cultura Òrìsàista Afrosul, se posiciona e mostra publicamente o seu DNA, através da mídia televisiva e seus adeptos, após o último dia 21 de janeiro de 2013, algo mudou no Brasil,  ou seja, os adeptos pela primeira vez perceberam a necessidade de protestar, e não se calarem, não serão condizentes com a discriminação e a intolerância religiosa.

A voz dos religiosos Afrosul se destacou no programa que segue, e chama atenção para os problemas e dificuldades que assolam a comunidade religiosa Afro-brasileira, este vídeo que verão aborda de uma boa didática e simples os costumes e desejos dos adeptos Afrosul, que refletem os mesmos desejos dos Afro-Brasileiros.



Como puderam observar a grandeza desta produção, os adeptos apresentaram o Amalá de Sàngó, feito com quiabos que é o tradicional Afro-brasileiro, usado pela diáspora candomblecista, deixando de apresentar o tradicional Afrosul, feito com folhas.

Sem esquecer o motivo que nos movimentou no ultimo dia 21, o dia Nacional de Combate a Intolerância religiosa, oficializado pela Lei nº 11.635, em 2007. Iyalorisá do terreiro Axé Abassá de Ogum, em Salvador, Mãe Gilda morreu de enfarte, após ver sua foto publicada no jornal de uma igreja evangélica, acompanhada de texto depreciativo. Semanas antes, o terreiro de Mãe Gilda fora invadido por evangélicos. A Igreja Universal do Reino de Deus, responsável pela publicação da Folha Universal, foi condenada a indenizar a família da Iyalorisá.

Chamo a atenção para a fala do Bàbá Diba, que explica a instalação do Batuque no Sul, observamos que esta nação trabalhou para manter seus rituais, minimizando a influencia do candomblé e seus costumes de sala, sabendo que muitos dos adeptos da cultura Afrosul são caucasianos, os sacerdotes se preocuparam em manter a tradição da ancestralidade negra, conforme os seus fundadores trouxera. Poucas mas importantíssimas adaptações foram feitas, como o jogo de búzios que é diferente do sistema candomblecista e é voltado para o òrìsà, que eu acredito ser uma das maiores riquezas do povo Afrosul.


Vendo este àpejo, elaborado pelos adeptos do Sul, observamos que deram o start naquela região para que o Brasil perceba que o povo do santo está vivo e quer ser notado, e que não irá se calar diante das impunidades e armadilhas da lei e da bancada politica que age contra os afro-religiosos.

Vendo o Teólogo Jayro Pereira, citar os formadores de opinião e sacerdotes,  como bàbá Diba, mãe Vera é preciso acrescentar ao lado o bàbá Hendrix que o acompanha por muitos anos e  luta lado-a-lado dos adeptos, tanto que entra na fala logo a seguir, e se destaca por levar o conceito religioso do Teólogo Jayro Pereira, conceituando assim as similaridades do candomblé e o Batuque.

O que vale muito a pena ver, é o Alagbe Borel, um tamboreiro que manteve o mais próximo possível o dialeto, que aos poucos foi modificando, ao ouvir o Borel cantando é possível entender algumas palavras do Yòrúba arcaico.


E algo muito importante abordado pelo Diba, é o caso do abate, que ainda sofremos ameaça a cada dia, os que perseguem a religião Afro-Brasileira não entendem que o abate é necessário, pois há toda uma ritualista para manusear a carne que iremos ingerir no templo, ou usar em rituais, por isso, temos um corte especial e utilizamos praticamente tudo que os animais nos fornecem.

Bom o resto está aí no vídeo eu acho que devem ver e repensarem no que ele nos propõe.

------

Amalá - principal comida oferecida à Sàngó, feita com quiabo e pirão, ou podendo ser feito com folhas (costume Afrosul) 
àpejo - assembléia, encontro, comício.
Alagbe - Tamboreiro

Òrìsàismo - conjunto das religiões ou a religião dos que cultuam os Òrìsà Yorùbá. Somos, então, Òrìsàistas.

Fonte - http://aulobarretti.wordpress.com/orisaismo/

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Águas de Oxalá ou Axé de Boteco?

Erick Wolff8
14/01/2013



O fim do poço para o povo do Axé, começa o ano de 2013, e, a nossa fé está sendo estuprada culturalmente e socialmente.

 Estamos lutando pela valorização da nossa cultura e infelizmente o sacerdote não se  dá ao respeito e muito menos respeita a sua ancestralidade, lavando as escadarias do Copan saindo da Boca de uma Bar.

Pelo segundo ano consecutivo teremos algo para nos envergonhar;

Pelo segundo ano consecutivo acontece no Bar da Dona Onça, dia 4 de fevereiro, a partir das 19h, o Águas para Oxalá, quando será lavada a calçada do Edifício Copan com muita água de cheiro, champagne e flores. Durante o evento, a chef Janaina Rueda recebe os atabaques e Thobias da Escola de Samba Vai-Vai; além de Nãnãna da Mangueira que aproveita também a data para fazer o pré-lançamento de seu mais novo CD. Comidinhas típicas fazem parte da festa, como o Acarajé da Yabassé Carmem Virgínia Santos, o Pastel de Bobó da Dona Onça e o Caldinho Sururu do chef Carlos Ribeiro, a R$10 cada.
O bar tem capacidade para 80 lugares. Ele é decorado com painéis de fotos das grandes cidades boêmias do mundo que foram visitadas pela onça, como Londres, Paris e Nova York. Com arquitetura de Oscar Niemeyer, o Dona Onça está em um dos edifícios de maior estrutura de concreto armado do país, de 32 andares. Com projeto elaborado durante o IV Centenário de São Paulo, o Copan tornou-se, por sua magnitude, um dos pontos turísticos da cidade.


Já sou contra o sacerdote lavar as escadarias de igrejas, que a maioria nos repudiam e batem as portas na  cara dos sacerdotes, quanto dirá, o sacerdote sair da boca de um Botequim e lavar as escadarias de um condomínio, que por mais que ele seja um ponto turístico, nossos orixás não estão no banheirão sujo ou beira de um balcão de bebidas.

Chega de esfregarmos a nossa cultura na sarjeta, precisamos tomar o respeito nas mãos e respeitar o nosso axé, chega de vender o axé e entregar nas mãos dos inescrupulosos, que por qualquer valor arrastam o axé nas calçadas da vida.



Saiba mais sobre o evento;
BAR DA DONA ONÇA
Avenida Ipiranga, 200 lojas 27/29 Tel.: (11) 3257-2016
Horário de funcionamento: Segunda a Quarta das 12h às 23h, Quinta a Sábado das 13h à 0h e aos Domingos das 12h às 17h. Cartões de Crédito e Débito: Redecard, Visa e Amex.Capacidade: 80 pessoas. Acesso para deficientes. Ar condicionado.

-------------


Direito de resposta do Bar Dona Onça

A redação do Portal Sosni entrou em contato com o Bar Dona Onça, para saber quais motivos levaram o mesmo à fazer este evento.




- Jair comentou - "Que este evento foi um sucesso no ano passados, que trouxe muitos  clientes e a repercussão comercial para a casa foi excelente" -.

Perguntamos sobre a posição dos sacerdotes da cultura Afro-brasileira, que estavam preocupados com o mau emprego do sagrado num eventos popular que continha bebidas e sem condições religiosa, ele ficou preocupado e solicitou que ligássemos para a assessoria de imprensa.

Entramos em contato com a assessoria do eventos, que nos informou que não tinham ciência da gravidade do problema e que iriam procurar os diretores do Bar Dona Onça, pois eles compreendiam a gravidade do problema e não havia intenção de causar desconforto.

A redação ainda aguarda o retorno da assessoria.

 

Direito de resposta do cidadão religioso
Segundo Dra. Ariele, advogada e membro da Articulação (Politica de Juventude Negra).

Segundo a Dra. Ariele, o Sagrado não deve ser usado indevidamente, este evento não traduz uma postura racional de seriedade e comprometimento com a religiosidade, criando um desconforto para os sacerdotes sérios que não admitem que seus rituais sejam profanados.

E ainda completa, “As Águas de Oxalá é o evento que mais exige da comunidade religiosa, temos que ficar  dias em preceitos, temos intervenções que nos levam a purificar o corpo e a mente por dias, e o resultado é para cada um é maravilhoso, por isso, não deve ser extraído seu ritual para ser jogado na devassidão.”
E a Dra. Ariele ligou pessoalmente para o bar Dona Onça, para falar em nome dos religiosos e da Articulação, e a resposta do bar foi - Wil me informou que a dona do bar esta em reunião agora com alguns lideres religiosos, responsáveis pelo evento e que o evento não vai se realizar, porque o bar não quer ofender a nossa religião, e por hora é o que ele tem a informar, mas está a disposição para responder melhor amanhã, quando já houver acabado a reunião, e que haverá um evento porem sem qualquer ritual-.
http://www.facebook.com/ariele.campos.31



Babalorixá Fernando Gonçalves de Bara Jelu, pertence à Nação Nagô Afrosul (Batuque).
Diante dos problemas atuais e das condições as quais os sacerdotes sofrem pela intolerância religiosa, o Babalorixá Fernando assinou a favor do ato de Repudio contra a banalização de um sagrado ritual. No seu conceito não podemos nos dispor apenas a defender rituais que pertencem a nossa cultura, que apesar da sua nação não praticar o ritual das "Águas de Oxalá", ele acredita que deva preservar o sagrado contra a comercialização e a decadência dos capitalistas que desejam comercializar todos os eventos expondo nossos segredos e rituais.

Afirma Fernando – “É de ciência de todos que a religiosidade  tem sido atacada de várias formas, por dentro e por fora, e nós temos o dever de defender a nossa cultura, ancestrais e descendentes, por isso, que eu Fernando estou a favor de que não haja o evento.

Eu percebo que muitos adeptos da cultura Afrosul, pouco se importam com as demais nações e seus rituais, mas eu como sacerdote não posso concordar que um ritual de qualquer nação venha a ser exposto desta forma, afinal eu fui feito num axé, com rituais, preceitos e fundamentos, e tenho o dever de respeitar e resguardar meus fundamentos. 

Ao expor a religião desta forma num bar, ou nas ruas, nada mais é do que um crime cultural e religioso, o mesmo ocorre quando um individuo não sabe a diferença entre um Boteco que consome bebidas e um mercado que apenas as vende sem consumo, ou, em fazer uma segurança num estabelecimento e expor a religiosidade ridicularizando o ritual, é um crime que não temos o direito de expor desta forma a nossa ancestralidade.”
http://www.facebook.com/nandoftg

Saiba mais sobre As Águas de Oxalá
As Águas de Oxalá é uma festa anual em homenagem a Oxalá; Na quinta-feira à noite, antes de se iniciarem os preceitos desta cerimónia, das 7 horas da noite até à meia noite, todos os filhos da casa devem fazer um Bori, em muitas casas essa obrigação tem sido substituída por um obi, para poderem carregar as águas.

Depois desse Bori ou obi, recolhem-se, até que são acordados, ou seja,  que nao virara no orixá, antes do nascer do Sol pela Yalorixá ou pelo Babalorixá para iniciarem o preceito das águas.

Os filhos do Axé, trajados de branco, saem em silêncio do terreiro, em procissão, carregando potes e moringas, tendo à frente a Iyalorixá tocando o seu adjá.


Em resposta a assessoria de imprensa do Bar Dona Onça comunicou 

O Bar Dona Onça, informa através da sua assessoria, que o evento foi cancelado, e, sem data para remarcar, pois não houve intenção de ofender uma religião ou comunidade.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O carnaval e a cultura afro-brasileira

Por Erick Wolff8
07/01/2013





Até quando o sacerdote afro-brasileiro irá tolerar que usem o sagrado durante o carnaval, o abuso e o excesso durante a data agride a nossa cultura e ao mesmo tempo expõe o que temos de sagrado.
Afoxé Iyá Ominibu abriu noite desta sexta-feira no Sambódromo do Anhembi,
Zona Norte de São Paulo (Foto: Cláudia Silveira/G1)


O carnaval nunca trouxe nada de positivo para a nossa cultura, que na verdade mistura muita gente pelada e bagunça, além de vinculam bebida e farra com o nosso culto.
Representação de Deuses Pagãos Africanos
na Comissão de Frente da Mangueira (Marquês da Sapucaí (RJ), 2012)


Há anos sofremos intolerância e nada muda, ninguém faz nada a favor da comunidade, além do abuso da população que passa dias bebendo e fazendo sexo vinculando nossas divindades e sagrado, sem que haja algum retorno para a comunidade que se queixa de crimes contra a raça e religião...


Enquanto o povo vai às ruas para se divertir, os terreiros são derrubados, os paramentos são quebrados e destruídos e o sagrados é estuprado nas passarelas do samba e nas ruas brasileiras...


Enquanto o sacerdote admite que usem o seu axé, o país o ignora como individuo e não reconhece a sua vocação e dedicação.

Se querem mesmo admitir que o seu sagrado seja usado desta forma, então cobrem dos que usam algo que realmente possa ser útil para a nossa comunidade, ou que ao menos ao usar o nosso  sagrado que revertam para  a comunidade religiosa parte do ganho, para que possamos usar em projetos e ou um museu de verdade que se dedique a nossa comunidade e exponha a nossa cultura.



TIKTOK ERICK WOLFF